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O que faz uma escola ser inovadora?

Mapeamos mais de 30 escolas e Instituições de Ensino que são referência em inovação no Brasil e no mundo, e encontramos muito em comum.







Já cansamos de usar a frase escolas do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21. Cansamos tanto que fomos olhar e avaliar as escolas do século 21. O que elas estão fazendo que as tornam referência em inovação e disrupção?

Para entender melhor as inovações é importante refletir sobre o que aconteceu nos últimos 60 – 70 anos, não apenas na escola, mas na nossa sociedade.


Se começarmos lá no meio da década de 40, logo no pós-guerra, temos a primeira geração que passou a ser nomeada: os baby boomers. Eles são os nascidos entre 1945 e 1965, tem uma grande dedicação ao trabalho, valorizam a estabilidade e o treinamento recebido. Seu sonho coletivo é a casa própria. Isso não quer dizer que todos sonham a mesma coisa, mas é um sonho que muitos tem em comum, algo extremamente valorizado.


Em seguida veio a turma conhecida como Geração X (1965 a 1984) e ela já encontrou o mercado de trabalho de modo um pouco mais informal. Tenta conciliar a segurança na vida pessoal e o trabalho, buscando sucesso financeiro e tranquilidade na aposentadoria.

Isso faz o sonho coletivo não ficar apenas na casa própria mas incluir também o desejo de uma previdência/aposentadoria.


Já os Milleniuns ou Geração Y (1985 a 1999) vieram ao mundo com o conceito de que dinheiro não é tudo. Essa turma valoriza inovação e múltiplos conhecimentos, é o pessoal multitarefa. Seu sonho coletivo é o carro, o desejo de se locomover com liberdade.


A Geração Z (2000 a 2012) já nasceu digital, valorizam o aprendizado informal, as experiências e querem mudar o mundo. Abrem várias janelas ao mesmo tempo e entendem o planeta como algo totalmente integrado, uma coisa só. Seu sonho é o celular, o smartphone com capacidade de memória, conexão, imagens e processamento.

Depois de 2012 veio a Geração Alfa, e ainda não sabemos qual é seu sonho coletivo, mas já sabemos como encaram a vida: o mundo é meu!


As mudanças não são poucas e muitas foram promovidas pelo desenvolvimento tecnológico que permitiu outro acesso ao conhecimento, outra visão de mundo, outras relações e conexões. E o sonho coletivo mostra isso de forma clara, parte da casa própria, um ponto fixo e do qual sair é muito difícil, afinal ali tem muito investimento financeiro e emocional, e caminha para a mobilidade e conexão com o mundo.


O sonho coletivo caminha do ponto fixo para a mobilidade virtual.


Mostra que as relações mudaram, que o importante eram as pessoas próximas, vizinhos, família, ao redor da casa sonhada. Hoje os amigos estão junto mesmo morando em outro continente, as relações se mantêm independente da distância física, porque a presença virtual é constante e nos alimenta das nossas relações.

Leia mais sobre as gerações nesse artigo.


Com tantas mudanças o aprender, o ensinar também mudou, ou pelo menos deveria ter mudado.

Fomos olhar onde isso já aconteceu ou melhor, onde está acontecendo, porque já entendemos que as mudanças é que são a constante.

Isso nos incentivou a observar com cuidado as referências de inovação na educação e quando terminamos nosso mapeamento ficaram claros pontos em comum.


E perguntamos a você, o que você acha que essas escolas e instituições de ensino tem em comum?


Tecnologia é o que mais ouvimos como resposta. Mas não, tecnologia é meio, não fim. Escolas inovadoras nem sempre são tecnológicas, mas usam a tecnologia a seu favor, tanto que estão conseguindo se adaptar mais rapidamente a drástica mudança que estamos vivendo neste momento de pandemia.

Porque o repensar e o olhar atento estão ali incorporados como um mantra.



Mas afinal o que encontramos?

5 pilares em comum – nem todas as escolas tem todos, mas eles apareceram na maioria delas.


1. Arquitetura

Muitas dessas escolas têm uma preocupação genuína com sua arquitetura. Os espaços são pensados para favorecer a colaboração, a troca de conhecimentos, a integração de alunos e professores e o brincar.

Num mundo onde temos escolas que se parecem tanto com prisões, a ponto de existirem até sites que promovem um teste para você descobrir se uma fotografia foi tirada na escola ou na prisão, fica clara a necessidade de se repensar espaços. Há exemplos incríveis como a japonesa Hakusui onde tudo foi pensado para que os pequenos pudessem brincar de forma livre e criativa.

2. Condução

A condução da direção da escola é um outro pilar, com uma gestão participativa envolvendo professores, famílias, alunos e comunidade escolar, um ponto chave.

Entenda um pouco mais sobre como funciona a gestão participativa nesse artigo.

Outra observação importante foi a preocupação com a experiência de aprendizagem a ser proporcionada aos alunos, que se torna tangível através de um planejamento bem feito, com profundidade e intenção clara de gerar evolução.


3. Sala de aula

Na sala de aula vemos a quebra de divisões e diversidade de possibilidades, através de currículos transdisciplinares, projetos transversais e propostas multietárias. Múltiplas abordagens para que todos os alunos possam progredir.

Aprendizagem ativa com o aluno como protagonista, com muita utilização de projetos, experimentos, debates e investigações.

Avaliação integrada olhando aspectos conceituais, atitudinais e procedimentais. É a integração holística das diversas inteligências dos alunos.

Nessa matéria da Nova Escola, Raquel Franzim do Instituto Alana fala sobre o protagonismo na escola.

O uso da arte como veículo de aprendizagem e auto expressão também se mostra presente em muitos projetos.

Veja exemplos de como arte transforma o ensino.

4. Micro e Macro

Encontramos escolas que propiciam um olhar interno (micro) gerando o autoconhecimento através do desenvolvimento de habilidades sócio emocionais e de projetos de vida; permitindo espaços de reflexão sobre si mesmo aos alunos.

Leia mais nesse e-book do Instituto Ayrton Senna

E também oferecem a oportunidade de olhar o entorno (macro) com incentivo à postura empreendedora na forma de resolução de problemas, iniciativa e autonomia; com projetos que tem foco na comunidade onde a escola está inserida, fazendo com que ela transborde seu impacto.

5. Formação

Prática comum a todas elas, formação continuada de seus professores com foco em novos aprendizados, novas metodologias educacionais e momentos de reflexão e trocas coletivas.

São escolas que entendem que é o professor o principal responsável por elevar o padrão de qualidade e melhorar os resultados alcançados.

Nesse post da Portabilis, um pouco mais sobre a importância da formação.

As escolas inovadoras são também mais inclusivas.


Essas escolas abraçam a inclusão de forma natural, afinal a base de boa inclusão escolar está na capacidade de entender as necessidades individuais de cada aluno, conectá-lo com a comunidade escolar, os conhecimentos e conteúdos e com seu próprio eu, buscando sua evolução de forma mais integral. Isso permeia os cinco pilares que acabamos de descrever.

Em nosso outro post Educação, inclusão e distanciamento social vamos mais a fundo no tema.


Hoje vivemos uma pandemia que nos impõe o distanciamento social e o uso massivo da tecnologia como canal de conexão entre escolas, alunos, professores e famílias.


A tecnologia deve ser encarada como o meio para gerar mais impacto, ter mais informação e dados, tomar decisões mais assertivas e trazer mais equidade, pois democratiza conteúdos e experiências antes restritos.


Quem já era inovador no presencial continuará a ser no digital.


O que encontramos foram escolas onde a arquitetura conecta as pessoas aos espaços, a condução participativa e planejada conecta toda a comunidade escolar, a sala de aula conecta os alunos aos conhecimentos e habilidades de forma ativa e integral, o micro e macro são a conexão entre o eu e o mundo ao meu redor e a formação conecta os professores com o agora.


O algo novo que essas escolas estão criando exige presença e atenção, mas não é tão novo assim. O que elas criam é CONEXÃO, através de uma preocupação genuína com as pessoas.



Nadine Heisler

Nadine Heisler Cofundadora da Domlexia

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